segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
PONTO DE VISTA
Adherbal Uzêda
Tenho minhas dúvidas sobre esse propalado fortalecimento da democracia. O que venho observando leva-me a ter opinião contrária, motivando textos como este. Poucos sabem mesmo o que venha a ser esta nossa democracia, tão salpicada de pecados diversos, entendida, pois, na razão dos interesses de cada qual. De um modo geral, é traduzida como a prática de liberdade excessiva, em que cada um faz o que quer, esperando não ser punido pelo descumprimento das normas estabelecidas. Especialmente, se esse cada um tiver o poder de mando. Vai daí que ela não se fortalece, na medida em que temos um país dotado de um sistema corrupto. Entra governo, sai governo e todos prometem acabar com os escândalos dominantes, no entanto, o que se tem de concreto é que o último deles é sempre maior que o anterior. E aí vão espalhando, cinicamente, que a nossa democracia está consolidada. Ledo engano. Quero não esquecer do motivo que leva a esse estado preocupante, carente de atenção. Tudo quanto aqui ocorre, tem por fundamento a maioria do povo despolitizada, anticívica. Nela reside a inquietação daqueles que pensam no País com altruísmo; naqueles que, por terem um parlamento de pouco brilho, temem um outro futuro, cheio de dúvidas à propalada consolidação da vida democrática. Até porque não contamos com uma oposição atuante, digna da soberania popular. O que se vê, ao longo de algum tempo, é um Legislativo pronto a acatar os desejos do Executivo, sem maior contestação, criados ou não os meios para tanto, nos quais os mimos apresentam-se de maneiras diversas no jogo dos escambos políticos. E aí rasga-se a Carta Magna, no tocante à independência dos Poderes. E por que não dizer, de certa forma, que o Judiciário não está longe de tal apreciação? Bem, só lhe cabe usar a toga da independência, para continuar vivo, sem restrições. A democracia, entre nós, tem sido sui generis. Traz, no seu bojo, o padrão do debochado jeitinho brasileiro, no qual tudo pode ser dobrado, sem o menor acanhamento. Nossa Lei Maior, espelho das normas respeitantes à formação dos Poderes; da distribuição de competências; de direitos e deveres de todos os cidadãos etc etc, nada mais é do que um diploma supremo e fundamental do País, porém, de falsa aparência, tantas vezes já violada, manchada, desobedecida ao correr dos interesses momentâneos dos grupos políticos.Precisamos acabar com procedimentos que levam a uma suposição de estado anárquico, sob pena de, ao peso do cansaço das indignidades, perdemos a vida democrática que nos é tão importante. Nossas leis precisam ser cumpridas, não dependentes do peso político ou social de quem as infringe. E isto, infelizmente, não tem sido observado nos dias atuais.Creio, diante do que vejo, que as coisas estão sendo conduzidas ao sabor do momento político dominante. Se fôssemos mais patriotas e menos carnavalescos, teríamos um Brasil mais respeitado. Somos nós, o povo, quem alimenta a insaciável máquina de gerar recursos, sustentando uma diversidade de homens públicos gastadores, antes de atendidas as necessidades da Nação. Queremos um novo modelo político. O Congresso Nacional deve chamar a si as reformas de que o País carece. Já seria uma mudança, nesse estado de pobreza cívica. Neste novo momento por que passa a República, com uma mulher no seu comando, que haja mudanças sérias. Que os Poderes constitucionais sejam, realmente, independentes entre si, para que o respeito fortaleça a democracia, tão fragilizada, até aqui. Que o Brasil possa ser um país de todos, não apenas no dizer das propagandas perdulárias e mentirosas, mas no conceito de igualdade verdadeira que os brasileiros necessitam. E com urgência.
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