quinta-feira, 20 de outubro de 2011
FONTE DAS CABEÇAS É IRRECUPERÁVEL
MATÉRIA PUBLICADA POR ESTE BLOGUEIRO EM AGOSTO DE 2010. VALE APENA LER E REFLETIR MAIS UMA VEZ.
No dia 27 de julho último, fui entrevistado por uma repórter do Jornal A tarde onde tecí comentários a respeito da secular fonte das cabeças em Governador Mangabeira. A princípio a repórter não estava empolgada para a entrevista por preferí uma pessoa mais velha para falar da mencionada fonte com mais exatidão de épocas. Quando a profissional me perguntou o que eu sabia da fonte respondí o seguinte: - que com apenas quatro anos de idade acostumava descer até a fonte para me banhar com meu avô e meu pai. Que sempre levava uma moringa para depois do banho levar para casa e para a alfaiataria do meu avô um pouca da água límpida e saudável. Que passei a infância com meus irmãos e amigos usando aquela área de lazer onde as mães de família pra lá se dirigiam para com suas cantigas de lavadeira ensaboar e bater as roupas na pedra, e sempre de olho nos nossos passos que saltitávamos as roupas corando na grama, gritavam: 'cuidado meninos pra não pisarem minha roupa'. Os banheiros de homens, meninos e mulheres eram preservados pela própria comunidade. A fonte das cabeças da antiga Vila que emprestou o próprio nome nos dava água límpada e doce, mas também, nos dava flora e frutos porque aos redoures daquele manancial tínhamos cajueiros, jaqueiras, canaviais, mangueiras, jambeiros, ingazeiros e outras árvores frutíferas, e, ainda, tínhamos uma parte da mata atlântica e um belo e intocável areal que fazia do local uma paisagem paradisíaca. A bem da verdade, não era um simples banho, mas um banho de prazer e purificação da alma e do espírito. A repórter deu por encerrada a entrevista e disse que adorou e ficou satisfeita com minhas colocações. Porém, tenho feito minhas reflexões e apesar dos esforços da nossa prefeita Domingas da Paixão e da comunidade para recuperar aquele espaço que não deixa de ser um esforço louvável, mas entendo que a fonte das cabeças é irrecuperável. Porque poderemos ter um parque, quiosques, quadras e campos sosaytes e a recuperação do cimento. Contudo, jamais vamos ouvir as belas cantigas de outrora das lavadeiras, tampouco ouvir o cantar dos passáros ecoarem da mata, buscar refúgio ao cajueiro ou a jaqueira para saborear dos seus deliciosos frutos e apreciar do alto do areal a pura água correr livre no seu leito. Como disse um dia a cantora Maria Betânia: purificaram o subaé mandaram os malditos embora. Se conseguirmos ao menos purificar a nascente da fonte das cabeças e mandar os malditos embora já estamos fazendo uma grande ação pela recuperação e preservação da fonte secular.
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