segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ex baixista da Legião Urbana vive em abrigo em Paciência

Renato Rocha estava dormindo numa rua do Catete 
Os dedos parecem deslizar pelas quatro cordas do baixo elétrico. A rapidez em ajustar os cabos dos amplificadores é notável. E, a memória, os versos das canções de uma das principais bandas de rock brasileiras ainda estão afinados. Morador de rua desde 2005, o ex-baixista Renato Rocha da Silva, de 51 anos, que integrou a formação original do Legião Urbana, sonha recomeçar. Negrete, como ele é conhecido, está vivendo num abrigo, sente saudades da fama e pensa num retorno aos palcos.
— Entregue seu caminho ao Senhor, confie nele e ele tudo fará. Quero voltar, mas fazer show tem que ter estrutura — diz o músico, no auditório da Unidade Municipal de Reinserção Social Rio Acolhedor, em Paciência.
É lá que o baixista mora desde a última quinta-feira, quando uma equipe de assistentes sociais e psicólogos parou uma van da prefeitura na Rua do Catete e o encontrou. Depois de conversarem, ele aceitou ser levado para o abrigo municipal. Da época que integrou o Legião Urbana, Renato Rocha lembra dos shows, das festas e das viagens. E também dos luxos, como o carro Alfa Romeo do ano, as motos Harley Davidson, a casa e o sítio.
Renato na capa do disco
Renato na capa do disco "Que País é Este", na década de 80 Foto: Reprodução
Sobre drogas e álcool, ele não gosta de falar. Apesar de falas às vezes desconexas, garante que nunca se envolveu com nenhum dos dois.
— Só fumei maconha e tomei umas vitaminas para não dormir. Nada além disso. Nem cheirei, nem usei crack. Se eu usasse alguma coisa, não estaria vivo — afirma.
Com “os meninos”, como ele costuma chamar os antigos companheiros do Legião, gravou três discos até 1987 — “Legião Urbana”, “Dois” e “Que país é este?”. Participou ainda dos trabalhos de “As quatro estações”. Além de tocar, compôs “Quase sem querer” e “Daniel na cova dos leões”. Ainda ajudou na letra de “Eduardo e Mônica”.
— Caetano e Gil diziam que a melhor coisa é tocar e a segunda é viver. Fiz as duas coisas. Já pensei até em escrever um filme sobre isso — conta o músico.
EXTRA

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